' brincadeiras

eis aí o perigo:

em meio a brincadeiras,

a gente vai se desvelando...

como quem brinca somente.

(Ana P. Fernandes)

' três semanas

E quando a fraqueza passa a ser admitida? E quando pegam em sua mão e te esquentam do frio? E quando em uma ação se muda tudo? E quando é tarde? E quando se perde? E quando a paz sai pela porta da frente de sua casa? E quando falar não adianta? E quando quer respirar, mas te sufocam? E quando ninguém te entende? E quando não se quer ouvir que você é um grande amigo? E quando não resta mais nada? E quando alguém surge do nada? E quando não se quer nada? E quando se é nada? E quando todos estão perto? E quando todos estão longe?

....

E quando três semanas se tornam tempo demais?

' reticências

Tarde de domingo.
Teu abraço para me acalmar,
Teus braços para me esquentar.
(ahh, o velho truque do frio...)
Será que você volta?

' vende-se corpos, destruição e choro nos telejornais

Houve um tempo em que jornais vendiam somente sangue e bala perdida. Hoje não, esse tipo de mercadoria já não dá mais dinheiro, já não choca. Agora estão com novos produtos. Todos a preço de banana!!!

" Basta ligar agora a TV e escolher o canal em que deseja realizar sua compra. Ligando nos próximos 5 minutos você ainda receberá um excelente desconto. São centenas de produtos: cadáveres, chuvas, desabrigados, tristezas e um fenômeno antropológico que insistimos em denominá-lo como natural. Nosso horário de funcionamento se estenderá. Você e toda sua família podem realizar seus pedidos a qualquer hora: manhã, tarde ou noite. Teremos o maior prazer em atendê-los. Nossos funcionários o receberão com um belo: Boa noite – caso sua compra seja noturna. Não se preocupe e nem saia do seu confortável sofá: fazemos entrega a domínio. Eh isso mesmo, evitamos que você desperdice a sua solidariedade. Mas atenção: não trocamos mercadorias com defeitos. Em caso de não satisfação com os produtos adquiridos, oferecemos uma excelente troca: o nosso mais velho reality show, já em sua décima primeira edição. Com ele vc se aléia a todos os problemas da sua sociedade e de quebra ainda prática o bom e velho egoísmo, sem se preocupar com aqueles que estão sem casa e sem o que comer. Não perca, nosso estoque é limitado!"

Pierrot

http://www.youtube.com/watch?v=IV5yY8JDn_Y

Pierrot já não chora mais. Achastes agora um novo amor. Chorara muito por Colombina, é verdade. Mas uma nova pessoa aparecestes em sua vida. Bem diferente de seu antigo amor, esse lhe quer bem. Pierrot sabe disso. Tem certeza.

Estão se conhecendo ainda, mas ela já lhe demostra o seu enorme apreço. Ele? Pierrot? ahh, Pierrot tbm se encantou pela linda moça, mas ele está confuso. Não sabe o que fazer. Quer viver esse amor, mas tem medo desse sentimento desconhecido.

(o amor) Já o fizera sofrer mto, tempos atrás, no tempo de Colombina. Sim, Colombina é passado. Já nem há mais lágrimas em Pierrot. Há apenas dúvidas. Dúvidas que carregam tanta dor qto um amor não correspondido.

E agora, o que fazer Pierrot?

Se entregar a esse novo amor ou evitar (quem sabe) mais um sofrimento?

(Ana Paula Fernandes)

' inércia

_ Quem eh ela? De onde veio?

- Não sei ao certo! Apareceu há pouco, sozinha. Pediu licença, disse que estava atrás de pessoas pq gostava da presença delas. Começou a conversar, mas depois ficou assim: muda, calada, com os olhares voltados para o nada.

- Há qto tempo está assim? Parece perdida em seus pensamentos...

- Já faz mais de uma hora.... Talvez seus pensamentos a fizeram se perder mesmo. E quem sabe agora não encontra mais uma forma de voltar.

- Será q sofre de algum mal?

- Acredito que não... Não me parece ter herdado nenhuma doença da mente ou coisa parecida.

- Devemos acordá-la, embora não durma?

- Não. Deixe-a como está. Seus pensamentos, devaneios e vertigens a fazem feliz. Ela prefere essa falsa realidade. Deixe-a, apenas deixe-a. Sua alma, cedo ou tarde encontrara a saída e caso não encontre, sofrerá bem menos assim.

(Ana Paula Fernandes)

' e se me perguntarem?

"(...) a vida está mais ligada a fé do que

ao conhecimento" (M. Baker)

E se me perguntarem, direi que Deus é bom. Que de forma alguma Ele tem culpa por crianças que passam fome, inocentes que morrem e guerras que são declaras. Ele é grandioso, e por isso Seu nome não deve ser usado para justificar os erros humanos. Somos nós – e não Ele - que insistimos em não dar o amor ao nosso próximo! Direi que gosto de liberdade e não a confundo com libertinagem. E se me questionarem, direi que não me agradam as muitas denominações. Acho desnecessário. Elas fragmentam a fé e não pretendo, de forma alguma, fazer isso com aquilo que me move. Direi aquilo que deveria ser óbvio: que pedofilia não tem a ver com o celibato e que, portanto, devem pagar por tal crime.

E se acaso me perguntarem se Deus existe, tomarei como minhas as palavras de Rubem Alves e direi: “Não sei. Mas eu desejo ardentemente que assim seja. E me lanço inteira. Porque é mais belo o risco ao lado da esperança que a certeza ao lado de um universo frio e sem sentido...”

(Ana Paula Fernandes)