segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

' Constantina e seu viver



Constantina Pereira da Silva. Esse foi o nome escolhido para aquela menina raquítica e pálida que nascera no dia 9 de novembro. Quando mais nova, era costume expressar seus sentimentos. Quando estava com raiva brigava, batia, falava alto. Quando alegre, brilhavam os olhos e ria de perder o fôlego. Com o tempo foi apreendendo a disfarçar seus sentimentos. As palavras podem ofender e era coisa feia “deixar parecer” os sentimentos - dizia a mãe. Ela cresceu. Agora tinha medo do que poderia sair pela sua boca ou do que seus olhos poderiam deixar transparecer. Ficava horas e mais horas calada e de cabisbaixo. Sempre que alguma visita chegava, ela logo se escondia em um canto qualquer da casa. Que menina esquisita, nem sabe prosear - criticava Dona Tereza. Não queria machucar ninguém querido. E se as palavras saíssem de sua boca e ferissem alguém, assim como uma daquelas balas perdidas que existem na cidade grande? Tinha sonhos, mas nunca lutava por eles. Cada um tem um destino e o dela era o de não conseguir realizar seus sonhos. Não poderia fazer nada. Nasceu assim, deveria morrer assim – pensava. Aprendera a aceitar tudo calada. Se algo saia de um jeito que não era previsto é porque Deus quis assim e com ele não devemos nos meter. Melhor nem discutir, era coisa dos céus. Vivia cada vez mais em seu pequenino mundinho. Nunca namorou e não era boa para fazer amigos.
...
Talvez fosse mesmo esquisita ou quem sabe sofresse de alguma doença - refletia em meio a sua angústia. Mas esse foi o destino escolhido pelos deuses para ela. Decidiu que não iria mesmo lutar por nada, estava apenas a esperar a morte. Respirava, mas não vivia. Constantina agora se encontra internada no quinto andar do hospital psiquiátrico de Barbacena. Não tinha sonhos e nem motivo maior pra viver, por isso enlouquecera.
(Ana Paula Fernandes)

2 comentários:

  1. Nossa...

    Essa historia tinha mesmo que terminar desse jeito?
    Q triste...

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  2. Rsrs, tinha outro jeito não! Gosto de histórias com o final triste, SUAHSUAHUSHAUSHUAH! Mentira, mas Constantina não tinha mais gozo pela vida, o desejo não pertencia mais ao seu ser... lhe restou apenas os caminhos obscuros da loucura! Triste, mas inevitável!

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